A monografia abaixo é de autoria
de José Raymundo Corrêa (1916-1992), servidor de carreira do IBGE. Na década de
1960 foi colaborador dos jornais de Lavras do Sul: Batovi e O Garimpeiro.
Assinava colunas ora com o nome próprio, ora com pseudônimos, como “Status” e
“Dom Nicolau Nenguirú”, abordando temas como tradicionalismo e fatos da
história municipal. Não foi possível identificar a data de elaboração da
monografia nem se foi apresentada em alguma solenidade das muitas em que
participava como orador. As fotos ilustrativas são contemporâneas.
HISTÓRIA...
Bandeira da Cidade de Lavras do Sul. |
APRESENTAÇÃO...
By: José Raymundo Corrêa.
Como pesquisador espontâneo dos “fundamentos” de minha terra natal, que amo com todo o ardor e carinho de um bom lavrense, congratulo-me, sem vaidade, de poder anunciar aos meus dignos leitores, não só o nome das primeiras autoridades nomeadas, mas também o nome do primeiro DONO do atual perímetro urbano de Lavras do Sul.
Permitam-me, no entanto, dizeres inicialmente como ocorreram tais fatos.
Anos atrás, propiciado pelo ilustre Dr. Ernani Leal Cachapuz, tive a honra e a satisfação de ser apresentado ao Exmo. Dr. Tarciso Antônio Taborda, que na época era Juiz de Direito, grande pesquisador e notável historiador do vizinho município de Bagé. Vindo o Dr. Tarciso a recomendar-me a leitura da obra “Anais de Bagé”, em arquivo no Museu Dom Diogo.
E aí esta, Digníssimos Senhores,
de como me foi dada a satisfação de conhecer o surgimento da verdadeira
história de Lavras do Sul.
Foto: Cidade de Lavras do Sul Ano: 1937. |
Primeiro Proprietário
Neste modesto relato, peço vênia
para dirigir minha palavra ao dono primeiro de nosso amado e querido chão:
senhor Agostinho Nunes. O senhor Agostinho Nunes
desapareceu, foi ignorado! Que fim teve sua vida de opulento fazendeiro? Onde
esteve assentada sua estância de rico e abastado criador, se dela nem
resquícios de escombros se encontram? E sua nacionalidade, era portuguesa? Ah!
Sim... Açoriano, vindo das Ilhas Canárias...
Uma dúvida... E sua descendência,
se houve o que foi feito dela? E essa família “Nunes”, que hoje existe por aí e
nada sabe a seu respeito, nem mesmo conhece que um dia ele foi dono e senhor
das colinas que margeiam o arroio das Lavras do Camaquã Chico, na encosta da
serra do Batoví!
É, seu Agostinho Nunes, até que
valeu a perda de longas e árduas horas passadas a sua procura. Foram horas,
dias e mesmo meses vasculhando velhos manuscritos em Caçapava do Sul e Rio
Pardo, sem contar com os momentos difíceis que passei debruçado nos velhos
alfarrábios em arquivo na Prefeitura e Câmara Municipal de Lavras do Sul. Foram momentos exaustivos, quase
insanos, dedicados à procura dos primeiros homens que se assentaram às margens
do Camaquã Chico, hoje arroio “Lavras do Sul”, e dedicados à lavra do ouro,
preciso metal que na época existia em abundância no seu leito, que era muito
acanoado e com fortes corredeiras, o que facilitava o garimpo de aluvião,
sempre renovado pelas enchentes nos tempos chuvosos.
Primeiras Autoridades
Prosseguindo em minhas pesquisas,
desta vez no vizinho município de Caçapava, lá encontro o livro de “Juramento e
Posse dos Empregados” da recém-formada comuna, e folhando-o sem maior interesse
senão o de safar-me de uma responsabilidade, o que vou encontrar em sua página
7? No meio do texto, leio surpreendido: “Juiz de Paz para o 2º distrito das Lavras”!
Entretanto, é forçoso dizer que por tradição oral consta que, em 1829, Domingos
Rodrigues requereu e obteve uma sesmaria, sendo a primeira autoridade nomeada
para a região, onde exerceu as funções de Juiz de Paz. Isto me parece uma assertiva
válida, levando em conta que desde o século passado é conhecida a Estância de
São Domingos, à margem esquerda do arroio de Lavras. Desconhecendo-se,
entretanto, a data e o nome do fiscal que foi mandado para a cobrança do
“quinto”, que correspondia ao Governo Imperial, e para demarcar “datas” no
arroio e sangas afluentes. Este fiscal tinha o título de “Guarda-Mor”. Conforme consta do livro de
“Juramentos dos Empregados de Caçapava”, arquivado naquele município, tomaram
posse no cargo de Juiz de Paz, os senhores: Luiz Vicente Machado, Antônio
Jacinto Pereira e Antônio da Silveira Goulart, respectivamente nomeados em 23
de março, 8 de abril, 2 e 15 de maio de 1834. Também no cargo de Oficial de
Justiça, igualmente foram juramentados os senhores: Vasco José de Souza
Machado, Manoel Marques da Silva e Antônio das Neves, sendo que os dois
primeiros tomaram posse em maio, e o terceiro em agosto do mesmo ano. Mas os “juramentos e posses” dos
senhores moradores no “Camaquã Chico”, não param aí! Na mesma época, isto é, em
5 e 8 de maio de 1834, foram juramentados no cargo de Inspetor de Quarteirão os
senhores: Antônio Joaquim Rosa, Nazário José Flores, Carlos Antônio Severo,
Salvador Lopes Vargas, Antônio Ruiz Souto e Rafael Munhoz de Camargo.
Descoberta do Ouro
Nas páginas anteriores relatei do
meu propósito de dizer aos dignos leitores o nome das primeiras autoridades
nomeadas para a nossa querida terra, sempre baseado em documentos arquivados em
fontes de alta veracidade. O que foi feito. Agora, permitam-me os senhores
divagar pelas asas da imaginação, dizendo de como teria ocorrido o seu
povoamento inicial. Muitos foram os cronistas e até
mesmo historiadores que, de certa forma, são unânimes em como se originou a
propagação do ouro em terras de Lavras do Sul, divergindo apenas em alguns
pontos. Uns são de parecer que tenha ocorrido o conhecimento por parte dos
índios charruas, já convertidos e reduzidos pela Companhia de Jesus nos Sete
Povos das Missões, e que a ela tenham levado tão importante achado. Outros,
mais visionários, nos falam de ricos e fabulosos montes que faiscavam ao sol!.. Ora, até aí estou de pleno acordo
que dessa descoberta tenham participado esses ameríndios, pois que eu mesmo, na
adolescência, tomei conhecimento de suas andanças nestas paragens, por
intermédio de um fragmento de uma peça de boleadeira, na época usada pelos
índios charruas, encontrada às margens do arroio de Lavras, mais ou menos nos
fundos da Companhia Velha. Mas, daí supormos que assim tenha
ocorrido, mesmo conhecendo a larga visão administrativa e educandário do catequizador
missioneiro, e que tudo faziam para tornar seus humildes “filhos” o mais
distante da cobiça de outros povos, tão somente catequisando e instruindo-os
nas diversas fainas de uma Nação útil e temente a Deus!.. Analisando esses fatores, posso
conjeturar que o conhecimento da existência do ouro nestas paragens se deva aos
mineiros desertores das tropas portuguesas que vinham dar combate aos
espanhóis, lá pelos anos de 1774 a 1801.
Esses homens estavam iludidos
pela Lei, naquele degredo em que tudo lhes faltava e até mesmo seus minguados
soldos há dez meses não lhes pagavam. Tudo, mas tudo mesmo lhes era negado.
Deprimem-se, enervam-se e se atiram ao mundo, sem rumo, ao lê-o. Sem saber,
entretanto, que estavam dando um passo para a liberdade, criando um novo mundo,
um lar, se evadem. Atiram-se à aventura e aportam às margens do arroio que o
instinto lhes diz para ficarem, para lhe revolverem as entranhas ainda virgens.
Eles ficam!
Que duros momentos não teve essa
gente que, se alguns cairão, não resistindo à dureza do destino, outros, em sua
quase totalidade transpuseram, heroicos as barreiras da dificuldade, legando
aos seus descendentes um nome digno e honrado. Eles ficam, e ficam na paz de
Deus. Cessaram suas agonias e ansiedades de voltar para seus lares. Agora já
não era mais a luta contra a fome e a dor das rixas tão freqüentes com seus
companheiros de infortúnio, gente bárbara e inculta, que os atormentava. Era o
amanhecer de uma nova vida!
Inicialmente, dormem ao relento
com o que conseguiram surrupiar de onde escaparam.
Vão surgindo as primeiras onças
de ouro (medida de peso inglêsa, equivalente a 29 gramas). Para se abrigarem do
inverno que se aproxima, vão levantando os primeiro ranchos de leiva ou de
páu-a-pique cobertos de capim santa-fé. A luta pela sobrevivência é
renovada. Agora já não temem a fome nem a morte, éra necessário renovar seus
mantimentos para poderem aguentar o inverno que já se aproximava. Por isso se
fazia necessário encontrarem comércio para o ouro já extraído. Então escolhem
alguns de seus companheiros para irem à vila mais próxima a procura de comércio
para o ouro e tambem fazer aquisição de gêneros essenciais a sua subsistência. Assim se propala a riqueza do
solo. É comentada em outras plagas a exuberância do ouro nas corredeiras do
arroio Camaquam Chico, a amenidade do clima, a fertilidade de suas terras...
E, assim como o vento corre nas
planícies, avança célere a notícia do ouro aluvionar do arroio e sangas da
serra do Batoví. Nessa época começam a chegar no
Pôrto dos Casais – hoje Pôrto Alegre, os primeiros casais açorianos destinados
ao povoamento e colonização da capitania de São Pedro, onde, é bem possível, já
corria a notícia de ouro em terras próximas às Reduções Jesuíticas. De onde
partem, segundo tradição oral, alguns casais rumo ao novo “eldorado”. Sendo
mais tarde notadas as famílias de Gabriel Dias, Sebastião Mesa e Domingos Dias,
como integrantes do povo recém formado. E, tanto isso é verdade, que ainda hoje
vários descendentes desses velhos troncos povoam o território de Lavras. Esses casais açorianos, hoje
quase lendários, iam paulatinamente entrosando-se com aqueles primeiros
faiscadores, formando sem se aperceberem, o núcleo que iria dar origem a uma
das mais requintadas cidades do Rio Grande do Sul. Não por sua beleza
arquitetônica, que não tem. Nem por suas riquezas incrustadas no seu subsolo.
Nem pelos seus altos e baixos que tantos encantos lhes dão. Mas tão somente,
somente mesmo, pela grandeza do coração de sua gente; por seu caráter
desprendido e honesto; por seu espírito comunitário que tanto enobrece.
Assim é a nossa pequena cidade,
mas querida terra Lavras do Sul.
Mas Lavras já nascera, já
engatinhava, dando seus primeiros passos para a liberdade que tanto almejava.
Aos poucos ela ia crescendo, criando um modo de vida próprio do meio
embrutecido de que se originava.
Primeiras Habitações
As primeiras habitações
levantadas no povoado, e destinadas à moradia e ao comércio, eram construções
de agradável aspecto, de relativo conforto e bastante sólidas para atravessar
os tempos e chegar até nós em toda a sua plenitude. Isto é o que podemos
verificar pelo prédio onde funciona o Bar e Armazém do senhor Armando, na
esquina João Pessoa com a rua Dr. Pires Porto, a primeira casa de alvenaria
construída lá pelos anos de 1849 e mandada levantar pelo ilustre comerciante
português senhor Antonio Fernandes Lobo. Outro atestado dos velhos tempos, foi
o prédio recém demolido e que foi mandado erigir para funcionar uma “boite” com
a denominação de “13 de Maio”. Era todo em pedra bruta, trabalhada com barro
amassado, coberta de telhas do tipo “portuguesa”. Ainda no presente momento podemos
apreciar o testemunho dos tempos idos, representado por algumas casas
construidas, também com pedras brutas e com paredes internas de “pau-a-pique”,
existentes ao lado esquerdo da Praça da Bandeira, com frente para o Nordeste,
hoje já reformadas.
Primeiro Cemitério
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Podendo agora anunciar que, lá pelos anos de 1829 a 1834, enquanto em Bagé eram tratadas das causas sacerdotais e espirituais do incipiente povoado de Santo Antonio das Lavras, em Caçapava faziam nomeações das primeiras autoridades executivas, e na Capital da Provincia, por Provisão Provincial de 25 sde outubro de 1831, foram demarcadas as seguintes divisas para o município de Caçapava: “Partindo do arroio Pedroso, segue pela coxilha do Piquiri, barra de São Sepé, as do Arenal, Casewi, São Luis, Piraigrassu, Ibirá, Camaquam Grande até fixar no Pedroso”.
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De onde se conclui que o atual território de Lavras pertencia a Caçapava.
Pressupondo, no entanto, que na
época havia uma delimitação de propriedades entre as sesmarias de São Domingos
e a Fazenda de Agostinho Nunes. E essa divisa, não tenho dúvidas, seria às
águas do arroio Camaquã de Lavras, margem esquerda para a fazenda de Agostinho
Nunes e margem direita para a sesmaria de São Domingos, onde hoje se ergue a
Cidade. Bem, as provas evidenciais desta
narrativa podemos encontrá-las nos “Anais de Bagé” – página 68, onde reza: “Em 26 de novembro de 1831, foi
dado Provisão a favor do Cura de Bagé autorizando-o a benzer o cemitério na
fazenda de Agostinho Nunes, nas Lavras do rio Camaquam, a pedido de seu
procurador Joaquim Ferreira Braga”. Valendo-me de minhas pesquisas e
indagações a informantes idosos, posso dizer aos que me honrarem com a leitura
deste relato, que o primeiro cemitério benzido na fazenda do senhor Agostinho
Nunes foi construido em terreno à esquerda do prédio onde hoje está instalada a
Prefeitura Municipal. Este fato tão singular foi
constatado por velhos escombros encontrados no local, em forma de sepultura.
Entretanto, por estar situado muito próximo a uma sanga ali existente, aquele
terreno era muito úmido e, por isso, o referido Campo Santo foi, mais tarde,
transferido para o terreno onde hoje está edificado o prédio do Colégio Pedro
Américo.
Primeira Capela
O documento de maior importância
e de grande valor histórico encontrado em minhas pesquisas, foi um lavrado no
livro de Provisões nº 2, a fôlha 64, em 20 de março de 1829, em arquivo no
Cartório Eclesiástico de Pôrto Alegre e que autorizava aos moradores das Lavras
nas imediações do Camaquã Chico (arroio de Lavras do Sul), a erigirem sob suas
expensas, uma capela com a invocação de Santo Antonio. Este documento é
transcrito na última página deste relato, não só por sua beleza literária, mas
também por nos trazer ao conhecimento que lá pelos anos de 1829, o incipiente
povoado já contava com trezentas a quatrocentas pessoas de ambos os sexos, o
que equivale a mais de 70 famílias.
Igreja Matriz Santo Antônio. |
O que me leva a supor que o senhor Joaquim Martins, como representante de uma coletividade, deveria ser um cidadão respeitável e de acendrado sentimento católico.
Os anos iam passando e aquele
mesmo sentimento de fé em Deus que nos primórdios de nossa formação era por
todos respeitado, aos poucos foi se arrefecendo e a construção da capela caiu
no esquecimento. Somente mais tarde, quando o pequeno núcleo de população
tomava nova forma de bem viver, é que o capitão José Antonio de Figueiredo, já
senhor de extensa área de terreno, ofereceu local para a edificação da Capela e
de um novo cemitério. Quando então foi aberta uma lista de doações para a
construção da capela, a qual só por voltas de 1846 é que foi erguida, com a
invocação de Santo Antonio, sendo seu primeiro vigário o padre José Bastos. Dando mostras do surto
progressista verificado, o Governo Provincial, por lei nº 82, de 13 de novembro
de 1847, elevou à categoria de freguesia a então capela de santo Antonio das
Lavras.
Igreja Matriz de Santo Antônio completa 100 anos em 2019.
A Igreja Matriz de Santo Antônio começou em 1914, com o pároco da época sendo o Padre Antonio Martins D'Oliveira, com obras acabadas através da direção do Engenheiro Viterbo de Carvalho, em 1917. Em 1918, foi pintada pela primeira vez. e inaugurada, segundo o Padre Élio (atual pároco da Paróquia Santo Antônio), em 1919. Possui edificação neogótica e eclética, de vários estilos, historicista, típica da década de 1920 no Brasil. Nas janelas laterais, notam-se os vidros originais da época. Sua torre tem 25 metros de altura, podendo ser vista de diferentes pontos da cidade. Uma tradição local oral conta que existe uma enorme jazida de ouro, de um extenso filão o qual sustentam os seus alicerces. É o cartão de visitas de Lavras do Sul.
Lavras do Sul de um Ângulo Diferente - Drone Visita a Igreja Matriz Stº Antônio.
E assim foi surgindo o conglomerado que anos mais tarde se chamaria de município de LAVRAS DO SUL!
Arruamento Inicial
E, assim, a pequena aldeia foi
surgindo como que brotando das águas do arroio engastado nas fraldas da serra
do Batoví e ia sendo levantada com arranchamento, ora com rústicos casebres
próprios do meio, sendo poucas as casas de alvenaria, em geral sem rebocos
externos, cujos prédios pertenciam às famílias mais abastadas. Inicialmente, o incipiente
povoado se desenvolvia com frente para o lado Norte, orientação esta que só
mais tarde foi corrigida para Norte-oeste. Anos depois, com o amplo
desenvolvimento do comércio, o povoado foi se transformando, tomando um aspecto
mais aprazível, substituindo os casebres por habitações bem mais confortáveis e
de relativo conforto, tornando o recém levantado povoado a forma de um
taboleiro de xadrez. Chegado o ano de 1885, mais
precisamente a 25 de abril, a Câmara Municipal já formada, vendo a necessidade
de uma urbanização, contrata com o senhor Augusto Alberto Stocky para proceder
levantamento da área e elaborar uma planta da então vila, onde fosse
determinado o traçado das ruas, e nomeando o senhor José Biagi para as funções
de “arruador”, com a gratificação de 4.000 rs. por terreno que alinhasse e mais
1.000 rs. por prédio a que fosse dado alinhamento, pagos pelos proprietários.
Quando foram demarcadas as seguintes ruas, já aprovadas pelo Executivo em
13/01/1885, iniciando pelo Oeste: Rua da Ladeira, do Comércio, 7 de Setembro,
do Prado e Bela Vista, hoje respectivamente ruas Júlio de Castilhos, Dr. Pires
Porto, 7 de Setembro, 15 de Novembro e Marechal Floriano.
Ruas transversais: Rua Bom Sucesso, Império, Redenção, Norberto Gomes, 28 de Janeiro e da Praia, respectivamente hoje ruas Tiradentes, Santo Antonio, Coronel Meza, Maria de Souza Barcelos, Borges de Medeiros e Av. Cel. Galvão.
Assim surgiu o conglomerado que,
logo depois, o Governo Provincial elevou à categoria de vila, a então “Capela
de Santo Antonio das Lavras”, por Lei nº 1363, de 9 de maio de 1882.
Ensino Público
E aquele punhado de heróicos e
admiráveis “antonianos” já haviam ultrapassado as barreiras do trabalho insano
no garimpo. O que lhes permitiu voltar suas esperanças para a educação e
instrução de seus filhos, que iam crescendo em idade e número, sem a devida
instrução pedagógica. O que era de se lamentar. Vindo o incipiente povoado a se
movimentar para a instalação de um estabelecimento escolar, que viesse resolver
seus anseios, trazendo-lhes paz e tranquilidade.
Nos relata um cronista nosso
conterrâneo, que, por Lei nº 44, de 12/04/1846, o Govêrno Provincial criou uma
escola de primeiras letras para o sexo masculino, e que foi regida por um
baiano, ex-militar, que já exercia no local o magistério particular. Alguns
meses mais tarde, em 29/03/1847, foi provido no cargo de professor público o
senhor Manoel João Pereira, vindo a lecionar nessa escola, que se encontrava
vaga. Entretanto, esse benefício não
era restrito aos meninos do povoado, pois, passados alguns anos, o Govêrno
mandou instalar uma outra escola para o sexo feminino e que foi regida pela
professora Ursula Aranche de Moraes, diplomada por Provisão de 21 de agosto de
1854.
Primeiros Políticos
Lavras, antes mesmo de sua emancipação e com o acentuado desenvolvimento da mineração, do comércio e da pecuária, já se fazia representar na Casa Legislativa do município a que pertencia (Caçapava do Sul), pois para isso contava com excelente patrimônio moral e intelectual de seus homens. Com a elevação à categoria de “Freguesia”, ocorrido em 1847, e ainda com a criação da Capela que tinha como orago a Santo Antonio, Lavras dava os primeiros passos para sua maioridade. Segundo a Constituição Imperial, o povoado alcançou sua qualificação política em 1864, passando a ter representação no cenário da política partidária. Quando então o Serviço Eleitoral da época, que foi instituido por Lei Imperial nº 387, de 19 de agôsto de 1846, e regulamentado pelos Decretos de 23/08/1855 e de 19 de setembro do mesmo ano, pelo sistema Parlamentarista de Representação Indireta, determinou a organização da “Mesa Paroquial” da freguesia de “Santo Antonio das Lavras”, para a eleição de vereadores à Câmara Municipal da sede da comuna (Caçapava do Sul) e para Juizes de Paz do distrito (Lavras), obedecendo o critério da Legislação em vigôr. Determinava a Lei que a Mesa seria composta do Juiz de Paz do distrito, como presidente, e dois membros dentro os mais votados pelo eleitorado, que era composto de dez eleitores escolhidos entre os maiores proprietários da Paróquia, assim qualificados pelo exmo. Senhor Juiz Municipal.
É curioso notar que era condição essencial, para ser eleitor, ter renda anual superior a 200.000 reis, não importando fosse ou não analfabeto.
Cumprida as exigências da Lei,
aos sete dias do mês de setembro de 1864, na Igreja Matriz (na época servia de
matriz a capela que foi edificada no local onde hoje é o jardim da residência
do senhor O’Donel Gomez), às nove horas, depois de missa celebrada em louvor ao
Espírito Santo, foi instalada a Mesa Paroquial para a eleição de vereadores à
Câmara Municipal de Caçapava e Juizes de Paz do distrito. Ocasião em que, como
Presidente da Mesa, foi eleito o senhor Joaquim Vicente Machado, Juiz de Paz;
como suplente o eleitor Flaubiano Vicente Machado; servindo como secretário o
senhor Leonardo Severo Mesa; e mais os membros Camilo José Lopes, José Luiz
Vicente Machado e o senhnor Manoel de Macedo Neto. Ainda faziam parte da Mesa, mais
os senhores eleitores João Francisco Jardim, João Francisco Ximendes, João
Coelho Leal, Francisco Marques d’Avila e Florêncio Teixeira de Carvalho; como
suplentes, os senhores Fermino Soares Leal, João Batista Albornoz, Francisco
Martins Leite, Mauricio Gomes Jardim e Galvão Munhós de Camargo.
Assim teve início a vida Política
Partidária de Lavras do Sul.
CONHEÇA O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO DE LAVRAS DO SUL.
Montagem produzida pelo projeto
Rota do Ouro - 2013.
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O objetivo é a busca da origem e o estudo da composição familiar. Este site tem o intuito de resgatar e preservar a história de nossa família. ... Com alguém aqui relacionado, mande suas informações, vamos completar a nossa história!